Creio não ser necessário definir a palavra temor, logo que é um termo muito utilizado em nosso vocabulário, entretanto quando nos referimos a Deus, o verbo temer ganha outro significado, cujo sua compreensão é mais complexa e merece ser estudada.
Primeiramente, é necessário entender, que á uma divisão filosófica na definição do termo Temor de Deus, que raramente é mencionada e transmitida a nós. Naturalmente por ignorância misturamos essa divisão e formamos um único conceito, porém para quem busca aprofundar-se em sua espiritualidade, percebera que é de suma importância separá-las e entendê-las, para que assim consigas alcançar o crescimento espiritual almejado.
Existe duas formas de Temor em nossa vida espiritual, o primeiro e mais conhecido é o temor servil, no qual existe um medo da punição, ou seja do inferno. E o outro é o temor casto, que é o medo de perder a santidade, ou seja, ofender a Deus.
Basicamente os dois são importantes em nossa vida espiritual, porém em momentos distintos, o temor servil nos ajuda no começo da nossa caminhada, pois através dele passamos a nos afastar daquilo que nos liga a Satanás, logo que sua companhia nos causa pavor. Entretanto permanecer nesse estado por toda a sua existência terrena é algo inadmissível para quem busca a Santidade, pois ao contentar-se em manter-se nesta condição, não conseguirás atingir uma maturidade espiritual, logo que estarás sempre buscando a Deus por medo do Inferno e não por amor a Ele.
Aquele que se detém no temor servil, estará sempre propenso a queda, pois não vê a gravidade do pecado, somente olha para o tamanho do castigo que receberá. Santo Agostino nos traz um exemplo de um ladrão, para explicar melhor o Temor Servil. Ele nos diz assim ” O ladrão teme a punição: e quando não pode, não opera: e, no entanto, continua ladrão” e depois ele mesmo complementa “Deus interroga o coração, não a mão”.
Creio que esteja claro a razão pela qual não podemos não acomodar no temor servil, pois nossas atitudes podem estar corretas, mas o desejo pelas coisas erradas que se fazem presente em nosso coração nos condena. A maldade não deixou o nosso ser, ela somente está escondida esperando uma oportunidade para voltar a aparecer, por isso temos de lutar para termos um temor casto, pois amando a Deus não daremos brecha para que ela ressurja e aos poucos certamente ela será dissipada.
Mas como saber qual estado de temor nós nos encontramos? Pois bem, Santo Agostinho nos pede para fazermos uma simples pergunta, porém devemos respondê-la com sinceridade. Se existisse uma forma de enganar a Deus e você pudesse cometer um pecado, sem que Ele soubesse, você o faria?
Obviamente não existe um maneira de enganar a Deus, mas se ao menos pensássemos em cometer algum delito porque Deus não o veria, o nosso temor é o servil, mas se mesmo distante dos olhos de Deus mantivéssemos a nossa fidelidade, por temer magoar a Deus, o nosso temor é o casto.