Após um tempo de esquecimento, o interesse sobre a angelologia retorna com fervor no Ocidente e promove uma série de questionamentos sobre esse assunto.
Em geral são perguntas de fácil esclarecimento, mas que tornaram-se complexas devido a tantas distorções que foram engajadas junto aos ensinamentos da Santa Igreja. Provocando uma vasta confusão entre os fiéis que buscam um real entendimento.
Em razão desse atrito de doutrinas que vem ocorrendo em nosso âmbito social católico, buscarei esclarecer algumas dúvidas sobre este assunto, fundamentado naquilo que a nossa Santa Igreja nos ensina.
Primeiramente é preciso eliminar a infantilização do anjo da guarda, se esta ainda está presente em sua mente. Esse “ensinamento”, se é que posso chama-lo assim, ocorre durante a infância, com o intuito apenas de dar segurança a criança em seus temores e também de iniciar uma vida de oração a esta, no entanto esse ideal geralmente tem sido levado como algo concreto durante toda a existência do individuo, sendo que era para ser algo provisório. Digamos também que é totalmente insano alguém formado na vida cristã, pensar em um ser celestial como um “bebê com asas”, que está incumbido de realizar todos os seus desejos.
O anjo da guarda realmente nos acompanha e de fato é um guardião, mas isso não significa que este é um subordinado da nossa vontade. Ele buscará sempre nos levar para Cristo, protegendo-nos das ciladas do inimigo, mas de modo algum será influenciado por nossa vontade, pois seu dever é fazer-nos trilhar o caminho da santidade e não nos agradar com ninharias.
Um exemplo de relação correta entre anjo e ser humano, nós podemos encontrar na vida de Santa Gema Galgani, onde ela recebia a proteção de seu anjo, mas junto a ela muitas correções que a ajudavam crescer na santidade. Ela tinha uma relação íntima com seu anjo, tanto que conversava com ele como se fosse seu irmão.
Obviamente que Santa Gema tinha uma relação sobrenatural com seu anjo, logo que podia vê-lo com seus olhos humanos, e isso naturalmente influencia no grau de intimidade que havia entre ambos, mas esse fator não pode ser usado como uma desculpa para afastarmos de uma relação estreita com o nosso anjo da guarda!
Outro fato interessante que é comumente ensinado de uma forma errada é a questão dos nossos pensamentos serem revelados ao nosso anjo. Isto é totalmente equivocado, pois o único que é conhecedor dos nossos pensamentos é Deus. Tanto que Santo Tomas de Aquino deixa isso bem claro em sua suma teológica ao dizer “O que é próprio de Deus não pertence aos anjos”
Entretanto é necessário enfatizar que mesmo não tendo acesso aos nossos pensamentos, nosso anjo pode saber exatamente o que estamos pensando, logo que ele é um ótimo observador e através das nossas atitudes pode conhecer de uma forma indireta os nossos pensamentos.
Certamente há mais dúvidas e questões para serem esclarecidas, mas me deterei nestas, para que o artigo não se torne muito extenso e exaustivo. Espero ter ajudado! Paz e Bem!