A vida interior de cada ser humano é definida pelo estado em que sua alma se encontra, pois é a partir desta definição que forma-se o curso que esta progredirá até o seu fim sobrenatural.
A nossa alma somente pode encontrar-se em dois estados, o da Graça ou do pecado mortal. É totalmente inválido o ideal que une esses dois estados, logo que não existe um meio termo, nem outras possibilidades. A alma somente pode estar voltada para Deus ou completamente distanciada Dele, não havendo exceções!
Quando dizemos que a Alma está voltada para Deus, significa que ela está seguindo o seu percurso natural, logo que foi criada para este fim. Deste modo o que afasta ela de cumprir este propósito são as falhas cometidas por nós, que muitas vezes originam-se do esquecimento desta finalidade, simplificando-a ao fim natural.
Desta forma fica evidente que não é possível conciliar os dois estados, pois se o pecado afasta a nossa alma da sua finalidade, que é unir-se a Deus. Como poderíamos afirmar que estamos em estado de Graça quando nossa alma está totalmente distante de Deus? Creio que a impossibilidade desta ação seja nítida, não sendo mais necessário prender-se a este assunto!
Quando disse que muitas das nossa falhas originam-se do esquecimento da finalidade da nossa alma, me referia aquele ideal que insiste em dizer que o nosso fim é a morte terrena, ou seja o fim natural. Mas esquece-se que ninguém está sujeito a um estado puramente natural, logo que fomos ordenados desde a criação ao fim exclusivamente sobrenatural. Fim ao qual Nosso Senhor Jesus Cristo nos conduz, ao se oferecer como vitima para a salvação de todos.
Mas engana-se quem crê que somente estar em estado de graça já é o suficiente para se ter uma verdadeira vida interior, como uma criança após o batismo. É de suma importância estar ciente que estamos em uma batalha e para sagra-se vitorioso é necessário vigiar e lutar constantemente! Essa batalha a qual me refiro são contra os três inimigos da alma, especialmente a carne, cuja é a nossa principal adversária!
Não que o mundo e o demônio não sejam adversário dificílimos, entretanto quando temos de enfrentar a nós mesmos a batalha torna-se maior, logo que temos muitas vezes de renunciar aquilo que mais desejamos, negar o que mais apreciamos e esconder-se daquilo que mais nos oferece prazer.
Deves estar a se perguntar, qual a razão de lutar contra si mesmo, mesmo em estado de graça? Então, estar sem a mancha do pecado não significa estar imune a ele! A nossa alma deseja o céu, o encontro com o Amado, mas a nossa carne ainda deseja o aquilo que oferece prazer, e sempre haverá essa inclinação do nosso corpo para o pecado, obviamente enquanto estivermos nesta terra, por isso temos de lutar contra essa inclinação que nos levar a desejar o que é errado. Vejam não estou dizendo para lutar contra o pecado, mas contra aquilo que nos leva a ele, ou seja a nós mesmos!
Todavia é preciso entender que essa luta de nada valerá se a nossa confiança estiver em nós mesmos, pois agindo deste modo não alcançaremos a Graça Santificante, logo que ela não é meritória e conseqüentemente terremos uma vida interior imperfeita, distante da sua finalidade.
Como disse no principio a nossa vida interior é definida pelo estado em que a alma se encontra, desta forma para termos uma Verdadeira Vida Interior, que é aquela a qual o Nosso Senhor Jesus Cristo nos convida, precisamos nos manter em estado de Graça! E de que forma nos mantemos neste estado? Confiando Naquele que é distribuidor desta!
Sendo assim, para confiarmos verdadeiramente em Deus, primeiramente temos de desconfiar de nós mesmos, reconhecer nossa miséria, estar ciente da nossa imperfeição e das nossa fraquezas e por fim ter absoluta certeza da Grandiosidade de Deus e sua Perfeição. Ao proceder assim teremos um autoconhecimento aprimorado e uma busca incessante do conhecimento de Deus e nossa vida interior como consequência progredirá, pois está almejando o Cume da Perfeição!